segunda-feira, 10 de março de 2008

Um dia de nada, obrigada

Nada. Sinto-me longe, muito longe de mim. Sobrevôo e me observo...Distancio-me do bom e do ruim. Não reconheço meu corpo e tenho tempo, muito tempo, pra ter certeza do quão distante me encontro. Essa solidão de tempo, quase infinita, me faz menor, tão pequenina como um embrião. Penso em voltar pra casa, pentear os cabelos, lavar o rosto, olhar no espelho e me fazer cafuné. Criança pedindo atenção...Consolo-me em perceber que o dia continua como um dia qualquer para todos...As coisas estão no mesmo lugar, pessoas fazem as mesmas coisas. Eu volto do vazio, da rachadura no tempo, e escuto a voz do amor, doce, cantando melodias conhecidas por nós. Refaço-me com seu canto, volto a ser mulher da vida, mulher de amar. Sim, sou eu sim de novo em mim! Volto pro meu corpo, depois de ter sido só corpo, só alma dilacerada pelas formas da vida. Volto com mais humanidade...Vaso colado, pós-dilacerado ao ver o tempo correr. Ganho outra dimensão, torno-me tridimensional. Mais profundo como um buraco cavado pelas ondas do mar em dia de ressaca. Num dia de nada tudo é pós. Pós-nada, pós-encontro consigo. Num dia de nada, obrigada pelo pós-tudo.

Um comentário:

Danilo Dal Farra disse...

Adorei isso, parece até coisa daquele livro Sonhos de Einsteim. Você é uma linda!