sábado, 15 de março de 2008

Nervo exposto


E essa precisão dele de que as coisas fossem justas. Esse não entendimento de sua obra como oração. A agonia em fazer mais. Por que lhe deram esses olhos? É a responsabilidade pelas cores que se vê. Aí se encontra o movimento. Ele sabe de onde vem e os detalhes de cada árvore na beira da estrada. Aquela conversa doce de alguém dessa família. O modo como a mão pressiona a xícara de chá sem medo de se queimar. Mãos firmes que velam. Ouve as pétalas encostarem-se ao chão. Assopram em seu ouvido. Mensagem que entra gelada carvão e deve sair como caldo macio pois essa é sua missão. A ignorância não nos tira a responsabilidade, então essa é sina, não existe máscara nenhuma que sirva. Já está identificado. Então limpa o rosto e todas as manhãs busca movimentos diferentes. E a vida arde, mas o acalanto dos vapores suaviza seu peito e nesse entre, fala que a responsabilidade da bala que fura o peito é do próprio assassinado.

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